Jovem de Sapeaçu diz que decidiu leiloar virgindade para ajudar a mãe

Após a divulgação do vídeo, a (ainda) moça é obrigada a conviver com zombarias como a das moedas voadoras e incontáveis chacotas

 

De repente, duas moedas de 25 centavos voam em
direção à jovem de 18 anos que, metida numa apertada saia de cintura
alta, tênis sneaker nos pés e olhar oculto por grandes óculos escuros de
aro lilás, dá explicações sobre a decisão de leiloar a virgindade na
internet: “Foi pelo dinheiro mesmo, mas eu queria ajudar minha mãe e
garantir um futuro melhor pra gente”.
Em Sapeaçu, a 156 quilômetros de Salvador, esse é o
mantra que Rebeca Bernardo Ribeiro repete nos últimos dias. Há uma
semana, ela postou no site Youtube um vídeo em que oferece sua primeira vez para aquele que resolver coçar o bolso com mais vontade. Para o bem ou para o mal, virou alvo imediato de todos os olhares da cidade de 16,5 mil habitantes.
Após a divulgação do vídeo, a (ainda) moça é
obrigada a conviver com zombarias como a das moedas voadoras e
incontáveis chacotas. “Já me ofereceram R$ 1,99. Teve um que escreveu
que dava cinco centavos e queria o troco. Não tá vendo essas moedas aí?
Pelo menos já tenho 50 centavos”, diz Rebeca, vendo graça nas
consequências da sua decisão.
“Fiquei assustada com toda essa repercussão. Não
esperava que fosse assim. Mas minha virgindade ainda está em leilão”,
atesta ela, afirmando já ter recebido um lance real de R$ 60 mil, o que
acha pouco. “Talvez por esse valor eu aceite, mas espero ainda uma
proposta maior. Se valer a pena, eu faço”, completa, optando sempre pelo
eufemismo “coisas íntimas” em lugar do popular “sexo”.

Ajuda
Rebeca admite que teve a ideia após a repercussão do caso da catarinense Catarina Migliorini, 20 anos,
que leiloou sua virgindade por US$ 780 mil (R$ 1,5 milhão). Entretanto,
justifica sua atitude revelando o drama da mãe, uma mulher de 57 anos
vitimada duas vezes por Acidente Vascular Cerebral (AVC), a primeira há
quatro anos, a segunda há cerca de 2 meses. Numa casa simples de quatro
cômodos, as duas se viram com uma pensão de um salário mínimo. No
quintal, nada se planta. O espaço é ocupado por 13 galinhas e a coelha
Vida. 

 Por onde passa, Rebeca provoca curiosidade. Alguns jogam moedas. Foto: Tayse Argôlo

“Preciso comprar remédios pra minha mãe e pagar
fisioterapia. Ela precisa de muitas sessões. Ninguém pode me julgar. Eu
tomei minha decisão sozinha e pronto”, argumenta a jovem, nascida em
Itapecerica da Serra (SP), mas moradora de Sapeaçu desde bebê. Seu pai,
com quem nunca teve muito contato, morreu há três anos.
Com dificuldade de locomoção e fala limitada, a mãe
de Rebeca não conversou com o CORREIO, mas a garota garantiu que ela
está ciente de toda a situação. “Só contei depois que o vídeo estava na
internet. Ela não gostou, mas disse que tenho 18 anos e posso fazer o
que eu quiser”.
Estudante do 2º Ano do Ensino Médio do Colégio
Estadual Dr. Eliel da Silva Martins, Rebeca conta que desde que o vídeo
foi parar na internet perdeu o sossego. Nem precisava contar. A mera
saída da lanchonete onde conversava com o CORREIO para entrar no carro
causou rebu. O burburinho une velhos, jovens e crianças. Um garoto com
seus 8 anos se exalta. “Eu pago, eu pago!”, grita, desvairado.

 


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